A recolha das histórias e memórias pessoais - documentos de vida - constitui uma parte importante deste trabalho de investigação pois subtrai a banalidade à vida quotidiana elevando-a a uma dimensão sociológica, apresentando um carácter significante para aqueles que vivenciaram determinados acontecimentos, de forma única, com cargas emocionais subjacentes.
Da recolha de documentos de vida emergem duas valências:
- a primeira, de valorização epistemológica da memória como fonte de conhecimento, reflectindo uma mudança de padrão em que, a memória deixa de estar relegada ao plano do pessoal e do privado para se transformar em memória textualizada e por isso socializada;
- a segunda, a importância que esses documentos têm para a construção da História, visto esta ser o resultado da preocupação do homem em reconstituir o passado relatando acontecimentos seleccionados e considerados de relevância numa dada época.
A pertinência desta abordagem surge da necessidade de trazer para a História outros protagonistas e valorizar outras culturas até agora ignoradas e/ou marginais, na emergência do conceito de "travellingcultures" (culturas em viagem), considerando as identidades culturais como sistemas relacionais,um produto nunca acabado (Valleriani, 2008).
A emergência de outras histórias, carregadas de sentimentos e sentidos permite, como nos refere Valleriani, a abertura ao múltiplo, uma abertura ao mundo através do encontro, do diálogo, em que a cultura da indiferença se transforma no convívio com a diferença, enquanto capacidade ética da hospitalidade do Outro, da alteridade.
História da Escola: Prof. Dr. Fernando Nobre - Director da AMI - http://fernandonobre.blogs.sapo.pt/993.html
Dr. Fernando Nobre e Luisa Janeirinho
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